Enxerto

Enxerto

 "...e só quando todos me houverdes renegado, meus irmãos, então buscarei com outros olhos as minhas ovelhas desgarradas; eu vos amarei então com outro amor."
Zaratrusta


Setor de Reclusão Saneamento Injetor. 

É por aqui. Estamos próximos, disse isso apertando os passos. Temos que ser rápidos.
 
Subir por aquela montanha foi no mínimo estranho e chegar no topo foi surpreendente. Reconheci imediatamente aquele lugar. Diante daquelas ruinas tecnológicas a sensação foi de retorno ao berço. Um arrepio correu minha espinha. Descemos pela trilha e entramos lá igualmente ágeis.

Entrar por aquelas portas fizeram ascender flashes, sons, vozes, cheiros. Movimentação de um patio de pesquisa, jalecos, luvas, signos, crianças chorando, mães/hospedeiras, estufas, testes, sangue. A lembrança de ver os glóbulos em microscópios se movimentando era aterradora.

E mais conseguir visualizar cadeias de moléculas, como seu soubesse interpretar o que isso significa, era assustador. Ela parou diante de uma porta e com o braço me deteve. No vidro embaçado de poeira lia-se Precognition Neural Xperience - RNX.

Antes que eu pudesse suspirar, numa explosão ela empurrou a porta. Parecia uma eternidade aquela abertura, como se num salto no tempo espaço,  eu mergulhasse novamente na realidade daquele lugar, em outra época. Em uma passagem de tempo, ambos estávamos de jaleco no centro da sala de Enxerto. 

Havia outro cheiro, tecnologicamente asseptico, nem lembrava o mundo natural e selvagem que deixamos ao cruzar as portas da ruína.

O portal

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